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Goiânia, GO, Brazil
Pastor Metodista, Bacharel em Teologia, Posgraduado em Estudos Wesleyanos, Doutor em Ministério, Licenciado em Letras, Adesguiano, Capelão Militar RR (CBM/PA), Presidente da ACMEB - Associação Pró Capelania Militar Evangélica do Brasil, conferencista e escritor.
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Carnaval (Parte 2)

Em 1919, Manuel Bandeira, respeitado escritor brasileiro, retratou o tema do Carnaval de uma maneira que bem pode ilustrar nosso assunto de hoje. Eis o poema:

EPÍLOGO*

Eu quis um dia, como Schumann, compor

Um Carnaval todo subjetivo:

Um Carnaval em que o só motivo

Fosse o meu próprio ser interior...

Quando acabei – a diferença que havia !

O de Schumann é um poema cheio de amor,

E de frescura, e de mocidade ...

E o meu tinha a morta-cor

Da senilidade e da amargura...

- O meu Carnaval sem nenhuma alegria!...

No artigo intitulado CARNAVAL I, enfoquei, de maneira muito resumida, a origem e desenvolvimento do Carnaval. (Maiores informações a esse respeito podem ser encontradas no excelente artigo “História do Carnaval – Fundação Joaquim Nabuco” de autoria de Cláudia M. de Assis Rocha Lima, via Internet). Conclui aquela reflexão interrogando sobre a função e os benefícios sociais do Carnaval. Retomemos a questão.

Lembro-me de um professor de Sociologia dos meus tempos universitários na UFES, em 1974. Chamava-se Eduardo. Houve um dia que o assunto da aula envolveu o tema “Carnaval”, a partir de uma perspectiva sociológica. Após exaustivos e produtivos debates os alunos queriam ouvir do Prof. Eduardo qual era o significado do Carnaval, ao que afirmou que para a Sociologia o Carnaval é uma necessidade; funciona como um meio de “desabafo social”. A turma concordou. Parece que é isso mesmo. Eis ai o ponto para o qual chama a atenção do leitor e da leitora: até que ponto o Carnaval funciona como um “meio eficaz de desabafo”? Se é assim, somos levados a concluir que muitas pessoas aproveitam o Carnaval para se verem livres de suas angústias, tristezas, crises existenciais, emoções contidas, recordações negativas trancafiadas nos purões da mente, revoltas, frustrações, fatores estressantes, ciúmes, raivas e quejandos.

Cabe lembrar que tal desabafo se dá à revelia da participação de um profissional de saúde, de um sacerdote ou pastor. Ele ocorre de maneira espontânea ou em conseqüência do uso de alguma substância química, de práticas hedonistas, ou, ainda, em decorrência do impacto emocional causado pelo poderoso movimento das massas humanas em suas manifestações carnavalescas coletivas. Será que na quarta-feira de cinzas, após o desabafo dos dias anteriores, a pessoa se sente realmente liberta das situações, condições e “males” que inquietavam e sobrecarregavam sua vida? Isto é, será que o Carnaval é o melhor meio de proporcionar ao ser humano o alívio que procura? A coisa funciona mesmo? Podemos questionar os meios empregados do ponto de vista de uma ética voltada para a preservação da vida e seus valores? Podemos perguntar pelos riscos envolvidos em tudo isso? E a duração dos efeitos irá até quando?

Todos os anos o Carnaval Brasileiro assusta quando tomamos conhecimento do número de acidentes, dos atos de violência, do estrago causado aos bons costumes, dos assaltos, etc., etc. Será que os participantes do Carnaval não poderiam redobrar seu empenho para que os desabafos fossem feitos sem faltar com o respeito à vida e seus valores sublimes? Será que o ser humano tem que aguardar a chegada do Carnaval para desabafar seu “coração”? Por que não recorrer aos recursos médicos, psicológicos e espirituais à medida em que as necessidade surgem?

Pense nisso!

(*Fonte: Estrela da Vida Inteira, José Olympio, RJ, 6ª ed., p. 71)

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